O último dos solteiros

No outro dia estava muito bem na praia e tive um daqueles momentos de iluminação que nos assaltam de vez em quando e nos deixam a pensar na vida. Não, caro leitor, não estava a fumar nenhuma substância ilícita e o Sol também não estava muito forte. Encontrava-me simplesmente à conversa com uma amiga que me pedia “encarecidamente” que lhe apresentasse um amigo, giro, simpático, bom na cama, mas que não fosse um “granda cabrão”.

Como cavalheiro que sou, decidi que iria ajudar esta donzela em apuros amorosos. Fiz então uma busca pelos meus amigos, mas não usei nenhum dos tradicionais critérios femininos. Não seleccionei por “simpáticos”, nem por “giros” (para nós homens não há gajos giros, há gajos “assim porreiros, ‘tás a ver?!”), muito menos por “não-cabrões e bons na cama”, uma vez que entre nós homens há um acordo tácito de cavalheiros que estabelece esta grande verdade: para além de sermos todos uns perfeitos santinhos, somos sempre os maiores garanhões na cama. E no chão. E no sofá. E na banheira. E no elevador. E na cozinha. E no carro. E na casa de banho da discoteca… Enfim, acho que já percebeu a ideia.

Usei então o critério masculino para encontrar o príncipe encantado para a minha amiga. Aquele famoso e infalível critério que todos os homens utilizam quando andam em busca da mulher dos seus sonhos: a sorte.
Saquei do telemóvel e fui por ordem alfabética ver quem aparecia.
E quem é que apareceu? Txaram!!! Um amigo. Apareceu um amigo. Um amigo solteiro. Um amigo que não é casado, que não mora com a namorada, que nem sequer tem namorada – o verdadeiro solteiro. Eu tenho um amigo solteiro, estimado (e quase de certeza comprometido) leitor!! Um!!

E não é que eu tenha alguma coisa contra as pessoas casadas ou "acasaladas". E muito menos contra os que têm namoradas. Eu também tenho a minha (e gosto muito dela – repare como acabei de garantir actividade sexual estonteante durante o próximo mês), mas um amigo solteiro?! Não pode ser.
Mas o que é que se passa aqui? Mas de repente somos todos adultos e vamos todos viver com as respectivas namoradas? Mas estamos todos a alugar casa e a correr para o Ikea para comprar roupeiros de casal?

Então, mas ainda foi ontem que andávamos sete marmanjos dentro de um Renault Super 5 (e mais um na mala) a estragar o negócio das senhoras do Técnico. Ainda há bocado andávamos sem namoradas a bater tudo o que era festa reggae e de bar-aberto. O que é que se passa? Crescemos e eu não dei por isso?! O Santo António e o Cupido andam a fazer horas extraordinárias?

Sábado tenho um casamento. E não, estimado leitor, ainda não vai ser o meu. Mas aposto que a minha namorada vai apanhar o bouquet. É certinho como o destino.

Patife